terça-feira, 29 de setembro de 2009

Razões de uma pertença partidária...




Eu disse que este era um "blog" intimista, por isso, posso dizer aquilo que me "vem à cabeça"...
Vou falar de 2 personagens que, de algum modo, me fizeram aderir ao PS :
1) José Carlos Zorrinho
É, entre outras coisas, o Coordenador do Plano Tecnológico e da Estratégia de Lisboa; mas, para mim, é o meu Colega de Direcção da Associação de Estudantes da Universidade de Évora, entre 1978 e 1980, onde muito trabalhámos;mais recentemente, foi o meu adversário, em debates leais e fraternais (mas imcomparávelmente ele era mais forte), em 2 eleições legislativas, como cabeças de lista, em Évora (ele, claro, no PS eu, então, no BE).
Mas foi, sobretudo aquele, que, quando em Novembro de 2008, aderi ao PS, me escreveu :
Sempre igual a ti próprio ... com dignidade, inteligência e capacidade de intervenção quando as situações são complexas.
Tenho muita honra em poder chamar-te de novo Camarada!
Para mim, que tanto aprendi contigo nos meus tempos de universidade, nunca deixaste verdadeiramente de o ser.
Abraço,
Carlos Zorrinho
Na altura, foi reconfortante, vindo de quem vem. "Camarada" , como dizia Brell, "c'est un joli nom" da Esquerda.
2) José Sócrates
Confesso a minha antipatia inicial por este cidadão. Parecia-me artificial, de "plástico".
Depois, a ideia foi mudando. Foram os ataques, bem "à portuguesa", sobre o grau académico, o "Freeport", menções despropositadas à sua vida pessoal/familiar, que me foram influenciando positivamente.
Depois, assumiu, com coragem, fazer face, no Parlamento, quinzenalmente, à oposição, com todo o desgaste que isso significa. Depois, assumiu uma postura e discurso de Esquerda, sem vergonha de se afirmar como tal.
Finalmente, no início deste ano, no Congresso de Espinho, encontrei gente que esteve comigo no PCP e no BE que, tal como eu, viam, hoje, no PS "de Sócrates", a tal "esquerda (do) possível".
E optei, melhor, concluí estar no "campo" certo.

Existem, por causa dessa, outras escolhas difíceis, mais locais. Mas "engolir sapos" é um "desporto" que, para mim, não prejudica a coluna vertebral.

sábado, 26 de setembro de 2009

O que se joga amanhã, dia 27 (memórias do convívio com o "Mê Chico")






Recuperei esta foto, datada, da batalha eleitoral legislativa e, depois, "Autárquica", de 2005.
Ao contrário do que o filósofo José Gil diz, eu sou um português que se "inscreve", ou seja, compromete-se, dá o nome, faz-se sócio. Mesmo que por pouco tempo, mas, nesse, é de compromisso. À minha maneira, sem pactuar com o que não gosto.
Esta foto retrata a presença, ao meu lado, do Camarada Louçã (a quem, no Alentejo, cada um de nós chamava, carinhosamento "o Mê Chico"); esteve ao meu lado, nesse ano, em 3 sessões públicas, num Distrito (Évora), onde não se elegia nenhum deputado, num Concelho (Estremoz), onde 200 votos (3%) era um resultado bom, porque desequilibrava os equilíbrios dos poderes habituais.
Conviver com o "Mê Chico" foi uma experiência única (foi há 4 anos, sublinho...); foi estar com um político de causas. Num Partido sem casos. Recordo a orientação então, dada , para as legislativas de 2005 : não atacar à Esquerda, ter um discurso aberto sobre as propostas do PS, tolerar os ataques da CDU, ter disponibilidade para viabilizar políticas de esquerda, do Governo.
Muita vezes me interroguei o que ia Louçã fazer a um Distrito onde o BE era insignificante, e, quando não era ele, era Miguel Portas, Fernando Rosas. No fim da sessão de Estremoz, que a foto recorda, o "Mê Chico" dizia que era onde não se elegia ninguém que o BE se afirmava, pois esses militantes e aderentes estavam, lá, só porque acreditavam. Lembro-me de um Louçã paciente, que, depois das sessões, explicava, pessoalmente, a quem o questionava (muitas vezes fazendo contas) a sustentabilidade de um sistema público de Segurança Social, um Sistema de Saúde gratuito.
Saí do BLOCO de ESQUERDA, já há 2 anos. Porque achei que radicalizar as causas não pode ser inimigo do fazer o "possível". Uma coisa é propor, outra é "fazer".
Perdi o contacto com "Mê Chico", desde então. Soube que perguntou por mim no Porto, há dias. Muito antes, quando "entreguei o cartão ", enviou-me um mail a agradecer todas as experiências passadas comigo, em várias campanhas, das tais que não elegem ninguém...
Não reconheço, confesso, hoje, o "Mê Chico" em muitas certezas que tem, em muita da crítica sistemática ao Governo, que considero o mais à Esquerda desde 1976.
Vou estar, amanhã, como o PS. Auguraria, por justiça, a maior maioria de sempre. Não vai acontecer.
Desejo, então, que em aliança com o PS, com coragem de partilhar responsabilidades de governação ou de viabilização de Governo, o meu Camarada (na Esquerda, esta palavra nunca deve ser esquecida, pois não é exclusivo de nenhum Partido) Louçã, tenha a coragem de experimentar, também, o fazer.
É tempo de a Esquerda reforçar a sua presença , mas, também, a sua responsabilidade nas políticas, mormente as sociais.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um "marco" ignóbil

Ferreira Torres, devoto de Stª Rita, após 12 de Outubro, recolhendo a um Convento


No sábado, depois das comemorações do 10º aniversário da empresa de formação onde trabalho, achei-me no direito de exercer aquilo que aprendi, durante longos anos, no meu percurso formativo : fui ver, pela primeira vez, Ferreira Torres ao vivo, no campo da Feira do Marco. Ou seja, o Povo "em movimento".
Assisti á coisa mais ignóbil e abjecta que a democracia (porque permite tudo, até a asneira)portuguesa deve ter visto.
Um ser humano em delírio, a dizer que, se, não podia ser cabeça de lista, por decisão judicial, iria em seu lugar o 2º, mas no fundo ele era fictício.
Depois, referiu-se, sem pudor, aos seus (o do seu 2º, afinal...) concorrentes: um era o "Mister Bean", cujo Pai estaria a revolver-se na urna, com os "desmandos" do filho, outro (o seu ex-Vice,) era um "songamonga", com medo de tudo, até de ter ideias, o outro era "suspeito" por não apresentar, nunca, a mulher e os filhos, nos actos de campanha.
Talvez inquinado por tantas idas aos EUA, Ferreira Torres esquece que os cargos políticos são nominais : primeiras damas não existem no quadro jurídico das Autarquias.
Não basta ser um candidato "bandido", só ilibado pela amnésia de muitas testemunhas, aliás, muito a propósito. Quer um "show" digno da hipocrisia ....
Invocou e pediu para que todos rezassem, a Stª Rita, padroeira das causas impossíveis (mas que Fé !!!), para que o Tribunal Constitucional lhe permitisse ser candidato, ainda.
Pois: lá no Céu, Stª Rita é que deve estar agitadíssima, por este pedido.
Não falo, sequer, dos "controleiros" que andavam a exigir (nem era pedir), a quem tinha bandeiras que as abrisse e agitasse. Isso roça o pior que existe no totalitarismo. Ouvi uma ameaça a alguém: "Então, vieste cá passear ou apoiar o Sr. Torres ? Vá lá a bandeira !".
História ao vivo. Salazar e Satline no seu melhor.
O Marco merece modernidade.
Por fazer, nem Ferreira Torres, nem o seu "Marcelo Caetano", Norberto Soares. Escolham entre os outros .
De preferência, do lado da Esquerda.

Criar um blog intimista...

Escrevi, durante largos meses, no "MarcoHoje", blog de referência em Marco de Canaveses, como convidado; como simples comentador, debito no Marco2009, da mesma cidade.
Optei, porquei deixei de escrever, por decisão própria, no primeiro, criar um blog "clássico".
Sou do tempo em que os blog eram uma espécie de diário, onde partilhávamos as nossas reflexões. É isso que quero fazer.
Depois, evoluiram, e bem, quase como que para "Jornais", dada a ausência, em muitos locais, de algo digno desse nome.
"Esquerda possível" porquê ?
"Esquerda", porque toda a vida tenho sido, civícamente, de Esquerda, ou seja, acredito que o relacionamento interpessoal solidário e fraterno é a raiz da socialidade e, como tal, cada território e a sua riqueza devem ser apropriados, geridos e os seus proveitos usufruídos, por todos os seus cidadãos, que, progressivamentem assumem o seu governo.
"Possível", porque embora eu continue a navegar em utopias igualitárias (elas dão luz à realidade), o mundo hoje obriga a que sejamos "concretos" no ser de esquerda e, no quotidiano, tenhamos práticas próprias de quem faz tais opções.
Todos serão bem vindos, com os seus comentários.