sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Porque somos chamados a crescer e multiplicar...


Fez, já, 1 mês que a minha filha casou. Lá estou eu a recebê-la, para a "levar ao altar" e, depois, os meus "adjuntos" desse dia : o meu filho Abel Ricardo e o meu sobrinho Pedro Maria (raparigas : eles estão disponíveis...).
Talvez, dentro de 2 anos (haja esperança...) esteja aqui a dizer que envelheci porque tenho netos. No fundo, o mundo não acabará em 2012, porque todos eles merecem viver para continuar a mudar o Mundo.


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Marcoense, com orgulho "Davinciano"...


Pois, marcoense com orgulho, mas falando alentejano : Ferreira Torres levou a "nalgada" que merecia !!! Fátima Felgueiras idem (com o devido respeito pela respectiva parte do corpo onde o "castigo" é aplicado).
Confesso : assisti a dois comícios, no Marco, de Ferreira Torres. Tive MEDO. Aquilo era "história ao vivo". Era o Portugal salazarento, infelizmente ainda presente no "salazar" que existe dentro de cada um de nós.
Só que agravado.
Sim, o pior era toda aquela multidão que vitoriava alguém que COMPROVADAMENTE (foi condenado por tal...) abusou do Poder em benefício pessoal. Ou seja, o "chico-espertismo" premiado !
O pior era ainda, as referências baixas aos adversários : um era o Mr. Bean, outro um "corcunda", outro um "songamoga" (agradeço que me digam o que é isso), outro um larápio que roubava a Câmara por ter viatura e motorista ! E berrava o "bandido" (sim, foi e é condenado), "Isto sim, é ladroagem !!!".
Pior, ainda, foi vê-lo a pedir, pela segunda vez, orações. História ao vivo, uma vez mais. "Deus, Pátria e Família". Regressei mais 40 anos atrás: depois de, no primeiro comício, pedir orações a STº Rita, no último, o "bandido" pediu-as a Nossa Senhora do Castelinho !!! Enfim, um impudor só possível a quem teve um cónego e um padre nos seus apoiantes declarados. Próprio de um velho amigo e cúmplice de um tal Cónego Melo, de Braga, mormente num incidente bombista de 1975.
Mas foi, exemplarmente, derrotado nas urnas. Infelizmente, a "cultura" que permitiu tal fenómeno ainda não. Isaltino e Valentim não foram e não o serão : esgotam, neste, o seu limite de mandatos. Nunca serão perdedores.
O PS foi derrotado, também.
Em Novembro, perante um acto abusivo da Distrital do Porto do PS, aderi ao Partido, aqui no Marco e apoiei o seu candidato, Artur Melo, que subscreveu a minha ficha de adesão.
Até Maio, participei activamente na preparação da campanha; depois, fui tecendo críticas e, sobretudo, delas dei conhecimento ao Partido (a tradição católica ensinou-me isso) e, claro, tornei-as públicas nos sítios onde escrevo. Por "delito de opinião" e por o meu passado "esquerdista" chocar alguma aristocracia marcoense que apoiou o PS, eu e outros afastámo-nos ou foram afastados. O resultado ficou à vista : com o maior orçamento de sempre, o pior resultado de sempre.
A lealdade ideológica fez-me ir a alguns actos de campanha do PS. Mesmo quando me afastei do centro de decisão. No último comício, junto ao Estádio que, ainda se chama Estádio Avelino Ferreira Torres, fui, por iniciativa do Candidato á Câmara, abraçado pelo mesmo e trocamos, ao ouvido, palavras. Que nunca direi... Artur Melo, 49 anos, mas um jovem com ideias, que me levou a ingressar no PS, foi "tramado" por o seu grupo de amigos de "Liceu", pelo apoio de alguma da aristocracia local, por alguns "corifeus" incompetentes sedentos de visibilidade.
Esqueçamos mágoas.
Sobretudo, aquelas que tenho contra o candidato vencedor, o (re)eleito Manuel Moreira, do PSD. Sobretudo porque, sempre que, em termos profissionais, o critiquei, no local próprio (Rede Social) chegou a descer ao insulto, nas suas réplicas. Tratei disso em sede própria e, sem, "perder a face", Moreira soube recuar e reconhecer-me, embora por vias muito indirectas, razão. Em coisas práticas. Como interessa.
Hoje, Manuel Moreira é vitoriado como quem, há 4 anos, fez o 25 de Abril no Marco.
É verdade. Mas não o aprofundou porque não teve equipa para tal. E continua a não ter.
Por isso, vou ficando no PS, como militante de base, pois dei-me mal no convívio com a "liderança" (?) local.
"Low profile". Vou escrever, finalmente, a compilação de 35 anos de textos meus, visitar os meus filhos (sobretudo o meu filho, que se estreou a votar este ano) com mais frequência, ir ao cinema (no Marco, que tem 2 excelentes salas), frequentar os cafés marcoenses que mantêm o hábito, bem saudável, de ter 2 ou 3 jornais para os clientes lerem (saliento, com destaque, o JOCAR, o Camilo, o Central, o Trocadero, a Avó Mila, que são, a horas diferentes, o meu "circuito"), contar os cêntimos todos os dias e viver feliz.
E deitar-me, todos os dias, pensando, como dizia Pablo Neruda, "confesso que vivi".
E que vivo a vida que escolhi.
Ou como dizia Leonardo da Vinci, aquela que eu posso viver sem que a vida me seja pesada, por dela não exigir mais do que aquilo que ela me pode dar...; espero ter aprendido isso.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Memórias de onde fui feliz (1)...



Estávamos em 1979 (meu Deus, estou mesmo velho !!!) e o Dr. Abílio Fernandes, Autarca de referência em Évora, militante do PCP, amigo do meu Pai (por sinal, militante nº 3 do PPD/PSD de Évora), aconselhava-me a mim, jovem quase licenciado, membro de uma lista de "Esquerda" que geria a Associação de Estudantes da neo-criada Universidade de Évora, com a sabedoria que o caracteriza, convidava-me a "conhecer" melhor o PCP. Sabia ser um convite a aderir ao PCP e, com amizade e respeito, disse que não era o meu caminho. Afinal, eu era um "rapaz" dos "meios" católicos...
Evitei o inevitável.

Em 1992 (Outubro) trabalhava nos Açores, com responsabilidades de coordenação, no organismo regional da Segurança Social. Porque, embora com algum "déficite democrático" (Mota Amaral, contudo, não era um Alberto João Jardim) sou convidado, por um outro ilustre militante e dirigente do PCP (José Decq Mota), a ser o candidato nº 3, ao Parlamento Regional, nas eleições regionais de 1993. Recordo uma das mais belas campanhas eleitorais da minha vida, feita quase sem meios, mas usando, até à exaustão, os disponíveis (tempos de antena, debates nas rádios e TV regional), o ambiente de medo que reinava. Recordo, sobretudo, as vezes em que fui ao Parlamento Regional, trabalhar com o único deputado eleito pelo PCP /CDU e como ele, "ipsis verbis", usava os meus textos, com toda a confiança e como fui, várias vezes comentarista, da RTP Açores, em nome do PCP, de vários assuntos. E eu era "independente", não era militante do PCP...

Recordo Dezembro de 1993, nas Autárquicas desse ano, onde fui cabeça de lista, como independente, pela CDU, à Câmara de Arruda dos Vinhos, terra onde vivi(a) e fui professor, dirigente associativo, pai inovador (o único homem que levava a filha à Creche), desde 1980 (tirando os 3 anos dos Açores).
Esta sim, foi a campanha mais bela que alguma vez farei. Sem meios, mas com a equipa mais fraterna que alguma vez conheci, acreditando numa utopia : eleger um Vereador, perdido havia 2 mandatos. A campanha foi tão intensa que nela conheci o Amor da minha vida, a minha esposa deste meu segundo casamento, na altura minha simples "responsável política". Fui eleito pela CDU e desempatei, a favor do PS, uma Vereação minoritária. Tive , como Vereador com "meio tempo", pelouros (cultura, desporto, juventude, educação, acção social, movimento associativo, fundos comunitários, desenvolvimento económico). Criei equipamentos (Bibliteca, por ex.) , mas, sobretudo, estruturas de participação nas decisões.

Aderi ao PCP em 1994, com a ficha subscrita pela minha actual esposa e pelo saudoso Camarada Luís Sá.

Depois, veio o desgosto. Afinal, o PCP não admitia recem-divorciados como "cabeças de lista" nas autárquicas seguintes. Chocava, diziam-me, a mentalidade da terra; deu para perceber outros "discursos", afinal, conservadores...

Fui para Beja e conheci o PCP no Poder, no seu pior, o que me levou a sair do Partido em 2000.
Contudo, a justiça tem de ser feita : sempre gostei do PCP, em oposição, quando luta em situações de "não" poder.
Fui muito feliz no PCP, repito, pois nele fiz a minha "escola autárquica".
Não suporto são os "tiques" Estalinistas ainda existentes (eu só me aproximei após a queda do Muro...).
Quando saí do PCP, em Junho de 2000, publiquei, num jornal local de Beja, onde morava, um texto intitulado "Quando se deixa o PCP..."; aí referia que teria saudades de nunca mais cantar a "Internacional", ou o "Avante, Camaradas", mas que saía pelo lado "esquerdo". Recordava ainda, uma frase histórica de Álvaro Cunhal (que conheci fugazmente), no seu livro "Partido com paredes de vidro" : a luta pela Felicidade é a razão de ser da existência dos Comunistas.
Mais recentemente, nas Autárquicas de 2001, quando, pelo BE, me candidatava contra um "dinossauro" do PCP, em Beja, um jornalista local, questionava-me: "Você não milita no PCP, está contra eles nesta eleição, contudo, diz-se comunista porquê ?".
Singelamente, retomei essa frase e respondi que, para mim, um comunista é aquele que acredita na sociedade sem classes e que crê que a relação social estruturante da sociedade é o trabalho.
Continuo, a sentir-me Comunista, nesse sentido. Mas como o Comunismo é utopia, o "socialismo" é o possível...

Fui feliz no PCP. Devo-lhe esta "formação ideológica". E quero recordá-lo como um espaço onde sobretudo, fui isso.