sexta-feira, 24 de junho de 2011

Porque apoio FRANCISCO ASSIS para Secretário Geral do PS...



O que está em jogo, na futura eleição do Secretário Geral do PS, é a união de uma família, os Socialistas democráticos, não em torno de nomes ou de oportunidades de ocupar um lugar na ribalta política.
Sim, o que está em jogo é perdemos a vergonha e afirmarmos que somos de Esquerda, mas da Esquerda que não só pensa, mas faz e faz, sem “prostituir” o possível. Parafraseando o Camarada Manuel Alegre, o PS é a “Esquerda Possível”. A necessária.
Possível, porquê?
Porque ser de Esquerda, hoje, continua a ser acreditar que só com relações sociais baseadas na fraternidade, na igualdade, liberdade, e no trabalho, raiz de toda a vida económica, existirá um Mundo Novo.
Contudo não basta apregoar estes valores em tertúlias ou grupos de amigos bem pensantes, é necessário concretizá-los em politicas sociais palpáveis.
Por isso, no PS, estão os defensores conhecidos do Estado Social, onde se integra um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito e universal, a Escola Pública (grande sonho da nossa centenária República), a protecção social a quem está em risco de exclusão, mormente por via da qualificação pessoal, social e profissional. Definimos isso, e de forma tão perfeita, em 2000, na chamada Estratégia de Lisboa : uma Europa cada vez mais qualificada, cada vez mais tecnologicamente avançada, e, por tal, cada vez mais inclusiva.
No PS, estão alguns dos primeiros a falar dessas ideias e das medidas concretas. Tornaram-se a nossa bandeira e imagem de marca. Repito, com as medidas concretas. Mas essas ideias e medidas tiveram nomes e esses nomes são, para mim referências porque ligados a políticas avançadas que, para sempre estarão associadas ao PS: falar de Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso, Vieira da Silva, Edmundo Martinho, António Guterres, Franscico George, António Arnaut, Carlos Zorrinho, entre outros, é mostrar a nossa diferença : este nomes está associados a ideias e a medidas, a políticas concretas e de coragem que ACONTECERAM. Não são vazios, gente a quem não se conhecem ideias, mas, sim, ambições.
Mas, AGORA, na eleição do Secretário Geral do PS, a esta ideia de uma Esquerda Possível TEM de se juntar a de uma Esquerda de Coragem. O PS perdeu as eleições legislativas, recordo !
Sabemos o evidente: a crise é internacional e é de um modelo de sociedade. É o fim do neo-liberalismo. Contudo, também, aqui, o PS soube ser diferente. Enquanto os medíocres, sedentos de poder o permitiram, lutou pelo Estado Social; fez cedências, é certo, mas manteve a luta essencial : não impediu ninguém de ir a clínicas privadas ou de ter o filhos em colégios luxuosos, mas foi claro na opção pelo reforço da rede pública de saúde e educação .
Numa onda de pessimismo nunca vista e numa espiral de insulto fulanizado, tudo se esqueceu e só a desgraça foi noticiada. Sobretudo, atacava-se, apoucava-se e até se humilhava o rosto desta Esquerda Possivel e de Coragem : o nosso Camarada José Sócrates.
O PS deve eleger, pois, um Secretário Geral, também ele, proveniente da “Esquerda Possível” e, ao mesmo tempo, da “Esquerda de Coragem”.

Alguém que alie a um percurso de coerência ideológica e de prática pessoal e social, o “dar a cara” nos momentos difíceis (levar “porrada” em Felgueiras, por exemplo…).
Senão, em tempo de ser oposição, restará ao PS ser um “museu de ideias” ou um grupo de “tertulianos intelectuais”, definidos em florentinas descidas de elevador em dias de derrota eleitoral, para nada dizer, com omissões de solidariedade em momentos difíceis, enfim, com todo o perfil agradável a quem vê, na vida política, um jogo de “aparelho” partidário, e não um serviço cidadão.

Por isso, NÃO APOIO ANTÓNIO JOSÉ SEGURO.

POR ISSO, APOIO FRANCISCO ASSIS.

Crónicas de Avis (IV) - Um dia com Faísca Mcqueen




Ontem foi feriado.
Fiquei em Avis, como costume, por razões profissionais.
Acordei cedo; como hábito, dei a minha volta pela Vila, li os Jornais no "café".
Acho sempre que tenho trabalho a fazer, logo, não me detive muito, na rua.
Voltei ao meu "ermitério" e vi que, na SIC, decorria o dia "D", de Disney. Falo da produtora, pois o falecido (de muito dúbia personalidade), que criou figuras que acompanharam a minha infância (Donald e os seus assexuados sobrinhos, Pateta, o inenarrável Zé Carioca, Mickey, etc), há muito é só um nome e, quanto muito, um estilo de produção.

Aí, vi dois filmes de um novo herói, que desconhecia no seu conteúdo, o "carro" Faísca Mcqueen !
Um incontornável fosso de idades faz com que o meu conhecimento de tão ilustre viatura se limitasse á sua figura, por via da minha sobrinha Sara e da minha filha Raquel, esta por causa dos seus "meninos" da Creche onde é Educadora.
Ontem, portanto, "tirei o dia" para conhecer o tal carro "Faísca Mcqueen", cujos filmes nunca havia visto.
No mesmo dia, na mesma SIC, também passaram outros heróis (Sininho, HAna Montana), mas fixo-me no "Faísca".

Gostei de ver, nos dois filmes, um personagem "carro" que foi solidário ao ponto de perder uma competição para apoiar um adversário danificado, que se apaixonou por outra viatura e a namorou com muita intensidade, que apoiou uma outra "viatura" (velha referência de corridas antigas), aceitando a sua liderança, que mantinha amizade profunda com máquinas agrícolas, logo, menos "qualificadas", que o apoiam no seu sucesso, etc.
No fundo, tudo valores civilizacionais positivos e "aprendíveis" nos filmes indicados, que, assim, aparentemente, passariam ás crianças.

Logo, parece-me que o exagero está na "deriva mercantil" que se faz desses personagens, promovendo a sua figura, mas não os valores que incorporam. Para as crianças, é importante, se calhar, ter o "Faísca" (como brinquedo), como bem "de posse". Porque, depois, ninguem faz a criança associar, ao "boneco", os valores que ele corporiza nos filmes.

Foi bom passar um dia com o "Faísca Mcqueen"; confesso que o horário dos filmes regulou o meu dia, as minhas idas ao café, os meus momentos de trabalho, mesmo se era feriado.

Lembrei-me da velha frase final das histórias da minha infância : "A moralidade que se tira desta história é que..."....
Não sei se foi essa a intenção dos produtores, mas o "Faísca Mcqueen" mostrou-me, á sua maneira, como um Mundo Novo é possível, através da solidariedade, do exercício dos afectos, da valorização do outro, como igual, independentemente da sua "cilindrada".

Já agora, para o póximo Natal, alguem me ofereça um "Faísca Mcqueen"...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Crónicas do Marco (I)- Era uma vez um Concelho...




Transcrevo uma citação magnífica, de Eduardo Prado Coelho, feita no blog "marcoensecomonos.blogspot.com" :

"O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano;
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois reclamam do governo por não limpar os esgotos;
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros;
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica;
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar;
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão;
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes."


Agora, deixem-me ser imaginativo e inventar uma história, infelizmente real:
Era uma vez uma sede de um Concelho, grande mas rural, chamada Terras da Servidão; por facilidade, chamavam-lhe, só, Servidão, tal como a Terras do Bouro, no Minho, chamam, simplesmente, Bouro.
Assim, em Servidão, por razões perdidas na história recente e futura, viviam pessoas marcadas, por aquilo que Prado Coelho dizia, mas há muitas gerações : a vigarice, o clientelismo, o oportunismo, o tráfico de influências. Tudo isto era tão comum, tão habitual, que era considrado quase legítimo, quase indispensável, enfim, quase legal, um sinónimo de sucesso. Terras de Servidão tinha, assim, um estatuto próprio, há muito, a que poderíamos chamar, usando o nome da terra, o "Estatuto de Servidão".
Esse "estatuto" foi, pela sua prática, ainda mais vulgarizado e disseminado por um anterior (e quase eterno) Presidente de Câmara, que especializou quem vivia com esse "Estatuto de servidão" a pensar que, nas Terras de Servidão, não havia lei, a não ser as ordens do Senhor Presidente, neste caso, gestor do tal informal "Estatuto de Servidão".
Sucedeu-lhe um outro Presidente, este mais educado, mais polido mais culto, mas igualmente respeitador do "Estatuto" referido : nenhuma vigarice, mas muito, imenso, clientelismo, oportunismo quanto baste, tráfico de influências suficiente ; ele foi Chefes de Departamento de áreas onde nunca trabalharam, consultores que nunca dão consultas, "girls" arrogantes a quem não se conhece qualquer mérito, nas áreas em que trabalham, mas, sobretudo, uma maquiavélica relação com as instituições locais, que o Presidente criava ou destruía, conforme eram ou não fiéis ao informal "Estatuto de Servidão".

Terras de Servidão aparentemente prosperava, porque o "estatuto" funcionava.

Depois apareceram aqueles que contestam o tal informal "estatuto de Servidão"; cedo os poderes de Terras de Servidão, os isolam e tentam que eles se desmotivem e, de preferência, desapareçam. É que, mesmo os agentes locais ou nacionais, mesmo não concordando com o informal "estatuto de Servidão", conseguem, aravés dos seus representantes, fazer esse trabalho neutralizador.
Terras de Servidão recebe bem, não é xenófoba, mas ai de que desrespeite o tal informal "estatuto de Servidão", visível nas ruas, no jornal e na rádio locais, nas conversas de café, nos diálogos de rua.
Em Terras de Servidão, reina o tal estatuto.
As crianças e jovens cresceram com ele, os idosos garantem a sua eficácia, as instituições edificam-se sobre ele.

Mas como rasgar o tal "estatuto de Servidão" ?
Só tendo a coragem de não o cumprir e de expôr, publicamente, os "criminosos" que, á custa dele, têm vivido, durante gerações.

Mesmo que isso dure tantas outras gerações...

Sabem onde fica Terras de Servidão ? Algures em muitos locais. Mas eu conheço um, onde vivo oficialmente e por afeição (passo lá pouco tempo, precisamente por obra do dito "Estatuto"), onde um afluente encontra um grande rio, numa paisagem que, em tudo, convida á glória e á liberdade, e nunca á servidão: Marco de Canaveses.