terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Porque há coisas que valem a pena



Saí do Marco de Canavezes, hoje, ás 7h 20m da manhã. Num autocarro que me deixou, nos Aliados, eram 8h 25m. Subi a 31 de Janeiro, passei a Praça da Batalha e comprei, na deplorável Gare que serve os Expressos que partem ou demandam a segunda Cidade do País, um bilhete para Évora (com desconto de passageiro frequente, custou-me cerca de 17 euros), destino entre outros, como um de tantos, onde a minha vida profissional, como a de todos, afinal, aqueles que buscam trabalho pago pelo preço que sabem merecer, demandam.
Cheguei a Évora eram 14h 45 m, logo, mais de 7 horas depois de sair do Marco, verdadeira versão mais curta desta viagem que, tantas vezes, repito.
Depois, constacto que, agora, sendo 23h 30m da noite, não me sentei no meu "poiso" de consultor, noutro edifício que não este onde escrevo. Isto porque fui reunindo com a minha equipa de formadores desde as 15h 30m até ás 19 h, porque tive de gerir os recursos audio-visuais de uma entidade promotora que, neste momento, tem cerca de 150 formandos, mas que não tem uma estrutura que me garanta que se tiram fotocópias agrafadas e coleccionadas, por exemplo.E isso tenho eu de o fazer, entre tantas outras coisas....Porque, no sector privado e solidário, também tudo encerra, administrativamente, ás 18 h... Bom, isto espalhado por 2 Concelhos e 7 Freguesias, em formação pós-laboral, onde o formando só recebe subsídio de refeição e de deslocação. Mas a procura é imensa e isso demonstra a validade de propostas formativas feitas "à medida" da população e não num "pronto a vestir" de uma qualquer empresa de formação.
Mas funciona. Talvez porque vamos, militantememte, procurar parcerias com instituições locais. Talvez porque deixamos ás pessoas considerarem os melhores meses, semanas e dias para terem formação e, perante isso e só após isso, fazemos "turmas". Talvez porque não teremos os "excelentes" formadores, mas aqueles a quem desafiámos e aceitaram o repto.
Talvez porque, por isso, em Freguesias do Concelho de Évora onde, tirando a "chulice" do "pronto a vestir" dos CEF, EFA e quejandos, apresentados pelas empresas de formação, nunca se fez formação "á medida", chegar lá e, em vez de pedir, oferecer, faz toda a diferença.
Recebi, há pouco, eram 22h, um "data-show" que amanhã tem de circular, para outro local. E faço-o quotidianamente. Antes, cerca das 21h 30m, tinha encerrado uma sala de formação. Pouco antes, em duas Freguesias rurais, cerca de 25 profissionais activas de apoio a idosos tinham recebido mais uma sessão de formação.
Depois, ouso pedir aos formadores "em transito", alguns morando a uma hora daqui, que reunam comigo e façamos um "ponto de situação", ás 23 horas ! E isso acontece...

Posso, agora, ás 23h 45m, ir dormir.
Hoje, a Caritas Diocesana de Évora(a entidade de que vos venho falando)deu formação a cerca de 70 pessoas, com uma estrutura minimalista. No dia em que houve um maior "pico" de formação, tivemos, em simultâneo, 135 formandos (em Novembro),todos pessoas que trabalham com publicos de risco e, mesmo, com as próprias pessoas em risco.
Baseada no espírito de Missão, com formadores que, na sua maioria, nem são católicos, mas se reconhecem neste "modo de estar", é uma experiência que me enche a alma, porque tem um conteúdo "ideológico".

De facto, com as "dores" de estar fora de Casa, de viver migrando, todos os fins de semana, com a limitação que significa, tantas vezes, "deitar vinho novo em odres velhos", consigo ganhar alento para viver com entusiamo, aos 54 anos e em "precariedade".
Infelizmente, a 400 Km de casa e gañhando metade daquilo que auferia há 3 anos...
A minha gratidão aos "meus" actuais formadores Andresa Oliveira, Carlos Mestre, Isabel Leocádio, Ana Borrego, Helena Esteves, Susana Gimenez, João Leitão, Marta Raimundo, heróis desta aventura.
Outros desafios vos (nos) esperam...