quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O que me poderia levar a fazer greve, hoje ...


Ponto de ordem 1: Não faço greve simplesmente porque, como trabalhador independente, mais própria mente consultor, tal não me assiste; aliás, trabalho muitos sábados , domingos e feriados, quando me apetece e é necessário, logo, dizer que faria Greve seria uma figura de retórica.


Ponto de orem 2 : Vivo, desde 1993, todas as situações que hoje são invocadas para fazer greve, como trabalho precário, recibos verdes verdadeiros, falsos recibos verdes, etc; sinto na pele, há muito, a dita "crise" logo, sei, por experiência, a mesma é estrutural, do MODELO ECONÓMICO DO NEO-CAPITALISMO LIBERAL , logo não é culpa específica deste governo, mas do dito MODELO, logo, como a greve é personificada neste Governo, não a faria nunca, pois o objectivo está enviesado; teria sido mais fácil estar num das manifestações anti NATO (essas sim, contra este MODELO de economia...).



Contudo, algo me faria fazer Greve, se o motivo invocado fosse esse:

A INCAPACIDADE DOS PARTIDOS DE ESQUERDA (PS, PCP, VERDES, BE), NO PARLAMENTO, CONSTRUÍREM UMA PLATAFORMA PARLAMENTAR QUE TIVESSE POSSIBILITADO UM OUTRO ORÇAMENTO, OUTRAS MEDIDAS DE POLÍTICA ECONÓMICA E SOCIAL, ENFIM, UM COMPROMISSO Á ESQUERDA.


E aí a culpa não é só do Governo e do PS, é da restante Esquerda.


Faria, com muito gosto, uma Greve contra isso, contra uma Esquerda parlamentar (ou "para lamentar") que torna IMPOSSÍVEL uma política diferente e vai entregar, de "mão beijada", o Poder á Direita do PSD...
Por isso, faria ESSA greve e não ESTA.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Um DESERTO de Acção Social, no Concelho do Marco




A Associação ARANDUM, de Alpendurada, Marco de Canaveses, desenvolve uma campanha de apoio a uma jovem aluna do 12º ano, Sara Vieeira, com necessidades educativas especiais.
Os colegas bloguistas do Marco (MarcoHoje, Marco2009 e marcoensecomonos reproduzem esse apelo).
Ele leva-me ao desastrado (não digo, por enquanto, desastroso) trabalho do Gabinete de Acção Social da Câmara do Marco
Para quem não sabe, foram criadas, quase há 10 anos, como competência das Câmaras, as Redes Sociais Locais, ou seja, um fórum INSTITUCIONAL onde, por força legal (a Câmara, as Juntas, o IEFP, a Segurança Social, a Saúde), ou por desejo próprio, instituições e mesmo, PESSOAS, ligadas á Acção Social, têm assento, precisamente para planear a acção municipal, rentabilizar e articular energias, recursos e ideias e, também, fazer intervir. Ou seja, um orgão de planeamento, mas, também de cordenação da acção, por isso mesmo presidido pela Câmara.
Em nome de uma instiuição, fiz parte do Plenário da Rede Social do Marco de Canaveses, entre Novembro de 2007 e Março de 2010. E intervi, mesmo polémicamente. Pude, aí, observar o trabalho inconsequente, o exercício de poder pessoal, a autêntica "missa" (no sentido caricato do termo), que essas reuniões de plenário eram. Quando Manuel Moreira (MM) não ia, a Vereadora demonstrava a sua ignorância, medos e respondia, com evasivas e, por vezes, com erros, ás questões. As actas, embora sejam uma vergonha, porque omitem factos, conseguem, ainda, retratar tal funcionamento. No meu caso pessoal, que em Março/Abril de 2009 reportei no "MarcoHoje", ficou clara a profunda incompetência da estrutura do Gabinete e do Chefe de Departamento, assim como do Presidente, perante quem dominava a temática e a legislação, no caso o Contrato Local de Desenvolvimento Social, ao que MM respondeu como um arruaceiro.

Adiante...
Se, no Marco, houvesse uma Rede Social a sério, o caso da Sara teria sido, articuladamente, analisado e, talvez RESOLVIDO, pela Câmara, Segurança Social e Saúde (que, por sinal, fazem parte do Núcleo Esxecutivo da dita Rede Social-mais um "altar" onde MM diz as suas "missas"- decerto com o apoio do "braço" que seria o Gabinete de Acção Social). Mas porque as estruturas onde a Câmara tem liderança, no Marco, são instâncias de um serôdio culto do centralismo e do clientelismo, está tudo dito.
Como cidadão, "aponto o dedo" ao Núcleo Executivo da Rede Social, no caso da Sara. E ao dito Gabinete ("his master voice"), que, se fizesse articulação entre os agentes sociais, conseguiriam aquilo que se lhe pede : ninguem diz que a Câmara tem de substituir a Saúde ou Segurança Social, mas que, precisamente, deve chamar esses parceiros e articular os seus recursos - tem autoridade para tal - no sentido de resolver o problema.
Mas, com dizem os brasileiros, "cada macaco no seu galho".
Existe uma pofissão que se chama Assistente Social, que tem competências científicas, técnicas e instrumentais para saber como isso se faz, mormente essa mediação. E ao que sei, MM não tem nenhum Assistente Social no "seu" Gabinete de Acção Social.
[Não esto a reclamar emprgo para ninguém : á única Assistente Social que tnho na família está, há muito, empregada, mas conheço alguns jovens marcoenses licenciados nesse curso á procura de trabalho...]
Assim, á incompetência política junta-se a falta de competências técnicas.
Admiro as campanhas de benevolência e solidariedade pessoal; são necessárias, porque resposta da sociedade civil; é a Cidadania em acção, no concreto. Mas isso não substitui nem faz esquecer a omissão de quem se devia articular para resolver. Ou a chocante incompetência de Presidentes de Câmara, de Vereadores,de Chefes de Departamento, de Gabinetes (enfim, estrutura do Poder Local) que têm a competências (as tais de articular recursos...) que não exercem.
E quando estão pessoas em jogo, é, no mínimo, um crime moral.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Homenagem á minha Mãe



Faz amanhã, dia 12 de Novembro, um ano que faleceu a minha Mãe.


Há pouco menos de um ano, neste meu blogue, fiz-lhe a homenagem que achei justa, aquando do seu aniversário natalício, que ela não viveu (27 de Novembro).


Hoje, recordo a minha viagem, do Marco para Évora, no seu último dia de vida.


O meu modo de encarar a minha fé (e convicção) na vida eterna nunca me fez ter aquela tensão de querer ver as pessoas que amo, antes da sua morte. Assim foi com o meu Pai, assim foi com a minha Mãe, assim, espero, que outros o façam comigo.


Recordo a minha viagem de "Expresso", nesse dia do ano passado, do Porto para Évora, quando, cerca das 16h 30m, o meu irmão mais velho me ligou e eu perguntei-lhe "A nossa idosa, como está ?" e ele disse, "Já não está...". E do telefonema do meu irmão Quim, a dar-me a mesma notícia e a referir que eu não tinha de me fazer forte. Uma vez mais, não verti uma lágrima...


Mudei de autocarro em Fátima e tinha 35 m de espera.


Lembrei-me , nessa altura, do Hotel, onde em 1996, eu e a Helena tivemos o prazer de ser os últimos a proporcionar uma viagem e estadia, num local de referência, aos meus Pais (eles casara, em 1952, em Fátima). Devemos ter batido o "record" do Mundo de baixa velocidade, pois ambos tiveram dificuldade para fazer (com eles) os 300 m do Santuário ao Hotel (e tivemos de pedir um Táxi...) e levámos 1h 30m.


Lembro a sua alegria, nos almoços e jantares no Hotel, para os quais, á "moda antiga", se vestiam com outras roupas e desciam , do quarto á sala de refeições e tinham um comportamento cerimonial (como era da "norma") e afável e educativo, como era próprio de Pais. Orgulho-me de os ter feito passar esses momentos.


Mas no dia do seu falecimento, nesse intervalo técnico entre "Expressos", teria tido o tempo de ir ao Santuário de Fátima e rezar por ela.


Não fui. Fui ao tal Hotel Verbo Divino, último das tais suas noites fora de Casa, pedi, no Bar, uma taça de espumante das Caves Ailança (bebida familar da minha Mãe), verti gotas no chão (á maneira latina, que expliquei ao funcionário e o emocionou e, logo, não me cobrou essa bebida) e parti para o seu funeral.


Hoje, confesso, não me tenho preocupado em saber se vai haver uma Missa por "alma" de minha Mãe. Confesso a minha falta de geito para esse culto dos nossos antepassados (não gosto de "mortos"), nem dos termos circunstanciais da "eterna saudade". Talvez porque não a tenho, nem possuo essa visão. A essência do Ser dos meus Pais repousa no seio D'aquele em que eles acreditavam e, por tal, que pode avaliar o seu desempenho neste Mundo. E os tem, decerto, na sua graça.


Da minha Mãe, recordo a Senhora que me lia histórias, que fazia "milagres" de economia doméstica, que, contudo, não deixava de gostar das coisas "sofisticadas" que a sua condição de menina de "boas famílias"a haviam habituado. E que o meu Pai se esforçava por lhe garantir.


Há meses, do espólio documental da minha Mãe, o meu irmão mais velho mostrou-me uma fotografia, de quando ela tinha 17 anos, dedicada ao seu namorado, o meu Pai, onde, no verso, lhe pedia desculpa pelos "sofrimentos" que lhe causava pelas suas dúvidas, hesitações e limitações no espaço e tempo para namorarem(pois estávamos na década de 40 do secúlo XX); casaram , só, 12 anos depois...


Gosto destes "resistentes" de sentimentos e convições de vida. E que pagaram toda a sua vida por isso. Que nem sequer se inibiram de me apoiar em coisas (políticas) que nem gostariam.

A propósito. esta semana a minha irmã, em cuja casa eu durmo em Évora, nesta minha vida profissional, deu-me uma colecção dos recortes de jornais que a minha Mãe (e, certamente, na sua vida, pelo meu Pai), juntou das minhas campanha políticas, desde 1993. Cá para dentro, emocionei-me, pois eram causa em que ela, decerto, não acreditava, mas fazia-o por mim.

Por isso, a minha Mãe, que se chamava Maria de Lourdes (com "o" e "u", como ela dizia), é, para mim, uma "Nossa Senhora de Lourdes", protectora e afectuosa, mas, também, tolerante das atitudes que não aprovava, de cujas ditas aparições ela é contemporânea.

Digo isto sem "eterna saudade", e sem esperar encontrar quem quer que seja, na "outra vida"( na qual creio, mas que não me compete avaliar se a mereço), mas porque sei que ganhou o direito á eternidade, apesar do seu "mau feitio"....