segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Marcoense, com orgulho "Davinciano"...


Pois, marcoense com orgulho, mas falando alentejano : Ferreira Torres levou a "nalgada" que merecia !!! Fátima Felgueiras idem (com o devido respeito pela respectiva parte do corpo onde o "castigo" é aplicado).
Confesso : assisti a dois comícios, no Marco, de Ferreira Torres. Tive MEDO. Aquilo era "história ao vivo". Era o Portugal salazarento, infelizmente ainda presente no "salazar" que existe dentro de cada um de nós.
Só que agravado.
Sim, o pior era toda aquela multidão que vitoriava alguém que COMPROVADAMENTE (foi condenado por tal...) abusou do Poder em benefício pessoal. Ou seja, o "chico-espertismo" premiado !
O pior era ainda, as referências baixas aos adversários : um era o Mr. Bean, outro um "corcunda", outro um "songamoga" (agradeço que me digam o que é isso), outro um larápio que roubava a Câmara por ter viatura e motorista ! E berrava o "bandido" (sim, foi e é condenado), "Isto sim, é ladroagem !!!".
Pior, ainda, foi vê-lo a pedir, pela segunda vez, orações. História ao vivo, uma vez mais. "Deus, Pátria e Família". Regressei mais 40 anos atrás: depois de, no primeiro comício, pedir orações a STº Rita, no último, o "bandido" pediu-as a Nossa Senhora do Castelinho !!! Enfim, um impudor só possível a quem teve um cónego e um padre nos seus apoiantes declarados. Próprio de um velho amigo e cúmplice de um tal Cónego Melo, de Braga, mormente num incidente bombista de 1975.
Mas foi, exemplarmente, derrotado nas urnas. Infelizmente, a "cultura" que permitiu tal fenómeno ainda não. Isaltino e Valentim não foram e não o serão : esgotam, neste, o seu limite de mandatos. Nunca serão perdedores.
O PS foi derrotado, também.
Em Novembro, perante um acto abusivo da Distrital do Porto do PS, aderi ao Partido, aqui no Marco e apoiei o seu candidato, Artur Melo, que subscreveu a minha ficha de adesão.
Até Maio, participei activamente na preparação da campanha; depois, fui tecendo críticas e, sobretudo, delas dei conhecimento ao Partido (a tradição católica ensinou-me isso) e, claro, tornei-as públicas nos sítios onde escrevo. Por "delito de opinião" e por o meu passado "esquerdista" chocar alguma aristocracia marcoense que apoiou o PS, eu e outros afastámo-nos ou foram afastados. O resultado ficou à vista : com o maior orçamento de sempre, o pior resultado de sempre.
A lealdade ideológica fez-me ir a alguns actos de campanha do PS. Mesmo quando me afastei do centro de decisão. No último comício, junto ao Estádio que, ainda se chama Estádio Avelino Ferreira Torres, fui, por iniciativa do Candidato á Câmara, abraçado pelo mesmo e trocamos, ao ouvido, palavras. Que nunca direi... Artur Melo, 49 anos, mas um jovem com ideias, que me levou a ingressar no PS, foi "tramado" por o seu grupo de amigos de "Liceu", pelo apoio de alguma da aristocracia local, por alguns "corifeus" incompetentes sedentos de visibilidade.
Esqueçamos mágoas.
Sobretudo, aquelas que tenho contra o candidato vencedor, o (re)eleito Manuel Moreira, do PSD. Sobretudo porque, sempre que, em termos profissionais, o critiquei, no local próprio (Rede Social) chegou a descer ao insulto, nas suas réplicas. Tratei disso em sede própria e, sem, "perder a face", Moreira soube recuar e reconhecer-me, embora por vias muito indirectas, razão. Em coisas práticas. Como interessa.
Hoje, Manuel Moreira é vitoriado como quem, há 4 anos, fez o 25 de Abril no Marco.
É verdade. Mas não o aprofundou porque não teve equipa para tal. E continua a não ter.
Por isso, vou ficando no PS, como militante de base, pois dei-me mal no convívio com a "liderança" (?) local.
"Low profile". Vou escrever, finalmente, a compilação de 35 anos de textos meus, visitar os meus filhos (sobretudo o meu filho, que se estreou a votar este ano) com mais frequência, ir ao cinema (no Marco, que tem 2 excelentes salas), frequentar os cafés marcoenses que mantêm o hábito, bem saudável, de ter 2 ou 3 jornais para os clientes lerem (saliento, com destaque, o JOCAR, o Camilo, o Central, o Trocadero, a Avó Mila, que são, a horas diferentes, o meu "circuito"), contar os cêntimos todos os dias e viver feliz.
E deitar-me, todos os dias, pensando, como dizia Pablo Neruda, "confesso que vivi".
E que vivo a vida que escolhi.
Ou como dizia Leonardo da Vinci, aquela que eu posso viver sem que a vida me seja pesada, por dela não exigir mais do que aquilo que ela me pode dar...; espero ter aprendido isso.

Sem comentários:

Enviar um comentário