sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Episódios de uma Campanha Alegre


Foi em Évora, no dia 12 de Janeiro, 4ª feira.



Na cidade onde eu nasci, mas de onde a minha vida profissional me foi afastando, desde há 30 anos, mas, que, nestes últimos meses, pelas mesmas razões, me acolhe temporáriamente, resolvi ir ao Comício de Manuel Alegre, na 4ª feira, dia 12.



Nunca escondi que vou votar em Manuel Alegre. Com a razão e com o coração, como diria Guterres.



Mas, como em Évora, práticamente, não conheço ninguém políticamente envolvido, do "lado esquerdo" (a minha militância política e partidária "organizada" é no Marco), lá fui, ao velhinho Teatro Garcia de Resende, na capital do Alentejo Central.



Não tenho por hábito emocionar-me, comover-me, em actos políticos.


Depois, estava num recinto onde predominavam pessoas para cima dos 40 anos, onde reconheci alguns velhos socialistas locais ou, mesmo, alguns "bloquistas" e, também, muitos antigos militantesdo PCP, o que me criou algum pessimismo.



Depois, chegou Alegre e a sua comitiva.



Ouvi os oradores, ouvi o meu Candidato.



Julgo que existe algo que escapa aos Jornalistas que acopmanham as campanhas, fruto, sobretudo, da sua juventude e falta de experiência política e de vida, mas que, a mim, me emocionou, nas palavras de Alegre : o dramatismo, justificado, com que Alegre refere aquilo que, para mim, está em jogo, ou seja, optarmos por um cidadão que vai ser um mero árbitro, um cidadão observante e distante, que não tem dúvidas e raramene se engana, no fundo (e isto digo eu, não o diz Alegre), um Salazar versão "social democrata", ou termos um cidadão cujas ideias, convições, causas, são conhecidas, que teve dúvidas e enganou-se, políticamente, muitas vezes, e que tem o perfeito entendimento das competências constitucionais do Presidente, pois "ajudou" a redigir a nossa Constituição. E esse cidadão é Alegre.



Emocionou-me que, no mesmo palco e por causa do que está em risco (o modelo de República e os valores da Esquerda - o Estado Social, a escola Pública, o Serviço Nacional de Saúde, os Direitos Sociais em vez da "caridadezinha"), tenham discursado pessoas que, no Parlamento, têm tido discussões violentas, como o Ministro Jorge Lacão (do PS) e a Deputada Helena Pinto, do BE. Ou ter visto, em acção de rua, o meu amigo, Miguel Portas, deputado europeu do BE ao lado de dois deputados do PS.



Emocionou-me ver que, afinal, ainda existem factores de unidade verdadeira, que mobilizam e unem a esquerda, como os que indiquei antes).



Esta é a verdadeira unidade, feita por causa de modelos, causas e valores, corpporizadas num Candidato.



Não percebo é querer-se uma unidade em torno de uma pessoa ou pessoas, mas sem ter por detrás projectos políticos, causas, valores, modelos, como acontece no PS de Marco de Canaveses, de cuja Comissão Política Concelhia me demiti, por causa disso mesmo.



Por isso, soube-me bem abraçar, no fim do comício de Évora, Manuel Alegre, pessoa pela qual nunca nutri simpatias especiais: abracei, nele, sim, os modelos sociais, as causas e os valores que ele, hoje, representa, e fazem de mim um homem de Esquerda.



Soube-me bem, depois do comício, num bar de Évora, ouvir pessoas como Helena Roseta falar, com paixão, daquilo que Alegre e o seu combate representam, como garante dos valores sociais da Esquerda.



Tal como me soube bem ouvir Isabel Alçada explicar o que entende por "Escola Pública"(diferente de "escolas do estado") e ver a sua tristeza pela suja manipulação que os magnatas do chamado ensino particular estão a fazer, por causa da revisão do apoio a essas escolas, onde aproveitam para reduzir, ilegalmente, salários e despedir trabalhadores, quando ainda NEM SABEM os valores novos que irão receber...




De facto, continua a valer a pena lutar e tentar congregar pessoas em nome de causas e visões sociais. "Sociais" porque valorizam o "ser" (ser cidadão consciente, que sabe o que quer do mundo e da vida) e não o "ter".

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