sábado, 26 de setembro de 2009

O que se joga amanhã, dia 27 (memórias do convívio com o "Mê Chico")






Recuperei esta foto, datada, da batalha eleitoral legislativa e, depois, "Autárquica", de 2005.
Ao contrário do que o filósofo José Gil diz, eu sou um português que se "inscreve", ou seja, compromete-se, dá o nome, faz-se sócio. Mesmo que por pouco tempo, mas, nesse, é de compromisso. À minha maneira, sem pactuar com o que não gosto.
Esta foto retrata a presença, ao meu lado, do Camarada Louçã (a quem, no Alentejo, cada um de nós chamava, carinhosamento "o Mê Chico"); esteve ao meu lado, nesse ano, em 3 sessões públicas, num Distrito (Évora), onde não se elegia nenhum deputado, num Concelho (Estremoz), onde 200 votos (3%) era um resultado bom, porque desequilibrava os equilíbrios dos poderes habituais.
Conviver com o "Mê Chico" foi uma experiência única (foi há 4 anos, sublinho...); foi estar com um político de causas. Num Partido sem casos. Recordo a orientação então, dada , para as legislativas de 2005 : não atacar à Esquerda, ter um discurso aberto sobre as propostas do PS, tolerar os ataques da CDU, ter disponibilidade para viabilizar políticas de esquerda, do Governo.
Muita vezes me interroguei o que ia Louçã fazer a um Distrito onde o BE era insignificante, e, quando não era ele, era Miguel Portas, Fernando Rosas. No fim da sessão de Estremoz, que a foto recorda, o "Mê Chico" dizia que era onde não se elegia ninguém que o BE se afirmava, pois esses militantes e aderentes estavam, lá, só porque acreditavam. Lembro-me de um Louçã paciente, que, depois das sessões, explicava, pessoalmente, a quem o questionava (muitas vezes fazendo contas) a sustentabilidade de um sistema público de Segurança Social, um Sistema de Saúde gratuito.
Saí do BLOCO de ESQUERDA, já há 2 anos. Porque achei que radicalizar as causas não pode ser inimigo do fazer o "possível". Uma coisa é propor, outra é "fazer".
Perdi o contacto com "Mê Chico", desde então. Soube que perguntou por mim no Porto, há dias. Muito antes, quando "entreguei o cartão ", enviou-me um mail a agradecer todas as experiências passadas comigo, em várias campanhas, das tais que não elegem ninguém...
Não reconheço, confesso, hoje, o "Mê Chico" em muitas certezas que tem, em muita da crítica sistemática ao Governo, que considero o mais à Esquerda desde 1976.
Vou estar, amanhã, como o PS. Auguraria, por justiça, a maior maioria de sempre. Não vai acontecer.
Desejo, então, que em aliança com o PS, com coragem de partilhar responsabilidades de governação ou de viabilização de Governo, o meu Camarada (na Esquerda, esta palavra nunca deve ser esquecida, pois não é exclusivo de nenhum Partido) Louçã, tenha a coragem de experimentar, também, o fazer.
É tempo de a Esquerda reforçar a sua presença , mas, também, a sua responsabilidade nas políticas, mormente as sociais.

Sem comentários:

Enviar um comentário