domingo, 25 de julho de 2010

O que fazer para que não se fechem Escolas...(1)




Está na ordem do dia o fecho de 501 escolas do 1º ciclo.
Existem Pais preocupados e revoltados, Autarcas indignados, um Ministério que se desfaz em justificações.
Como homem de esquerda, vejo na contestação uma forma positiva de participação cidadã.
Contudo, existem outras formas, complementares, para, talvez, resolver,localmente, essa questão, só que envolve um outro tipo de participação :organizar-se para, não só contestar, mas resolver o problema.

Vou partilhar convosco uma experiência, recente e em curso, retratada por uma Educadora de Infância, num trabalho de Mestrado.
A Freguesia da Glória, Concelho de Estremoz, no Alentejo Central, é dispersa e com poucos habitantes, logo, condenada a ter uma Escola (jardim de infância, ATL e primeiro ciclo) fechada.
Contudo, os habitantes mobilizaram-se, não só para contestar, mas para serem eles a responder ao problema, localmente.
A Associação de Pais chamou a si, há 2 anos, a recuperação do edifício da Escola, reabilitando-o e dotando-o, inclusive, com acessos e equipamentos para crianças com necessidades educativas especiais , a sua manutenção, a aquisição de equipamentos pedagógico, a montagem de uma cozinha e refeitório, etc.
Envolvida, profundamente, a Junta de Freguesia foi e é entusiasta colaborante, deste movimento da sociedade civil.
Mas como conseguiram dinheiro para tal ? Recorrendo a donativos dos habitantes, mormente dos naturais da Glória que ainda integram a "Diáspora" Alentejana na Grande Lisboa, ou dos muitos (e famosos) habitantes de fim-de-semana dessa aldeia; depois, claro, fizeram, talvez, as clássicas iniciativas festivas de angariação de fundos; ressalta, sobretudo, o contributo, em trabalho, dos habitantes e de diversos amigos, de fora do Concelho, que participaram, com materiais e "suor", nas obras necessárias.
A Escola, reabilitada, teve, pois, um enorme contributo da sociedade civil local, da sua rede de relações, e pouco dos poderes.

Resultado : a Escola não fechou, nem fechará. Mais, recebe crianças, não só da Freguesia, mas de todas as 13 Freguesia do Concelho, dada a excelência dos seu equipamentos, logo, reúne o número de alunos para não encerrar. Mais : habitantes reformados dão uma "mãozinha" na cozinha, na limpeza, para aliviar os custos, aos poderes, com pessoal, para que tal não seja um futuro motivo para encerramento.

Alguns dirão : mas competia ao Estado fazer tudo isso ! E não fez!
Concordo com o "não fez". Mas julgo que a mobilização das pessoas, para resolverem os seus problemas, dentro de um quadro de movimento cívico e sem violar legalidade, é uma competência republicana da qual ninguém se deve demitir.
Por isso, TAMBÉM COMPETE AS CIDADÃOS, PREVENDO OU SABENDO QUE O ESTADO FALHA, CHAMAR A SI O GOVERNO DO SEU TERRITÓRIO, NESTE CASO, DO PROBLEMA DA ESCOLA. Assim, protocolizar, depois, acordos com, o Estado, fica mais fácil.
Desconheço a orientação partidária da Junta de Freguesia da Glória. Ou da Associação de Pais.
Fica, por isso, este exemplo de cidadania participativa, não só pela contestação, mas pela mobilização para RESOLVER o problema.

1 comentário:

  1. "Está na ordem do dia o fecho de 501 escolas do 1º ciclo."

    É favor corrigir - são 701 Escolas - de resto está bem (o texto - não a situação apresentada...).

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