Ocorreu, na passada 5ª feira, o 21º aniversário da inauguração da Biblioteca Municipal Irene Lisboa, em Arruda dos Vinhos, em 1989.
Recordo, com saudade, a epopeia que foi criar esse equipamento cultural, contra o cepticismo (e ironia...) dos poderes dominantes, Câmara incluída e dos bem pensantes locais, que só conheciam o caminho para Lisboa e, como tal, actividades culturais perto de casa eram desprezíveis.
Bom, quase sem se aperceber, a Câmara local celebrou um contrato programa com a tutela governamental (isto em 1987) e, aí, tinha que avançar...; foi preciso formar pessoal, comprar livros, mobiliário, etc.
Depois, arranjar um espaço : o menos nobre, por sinal, o sótão do edifício da Câmara, que, embora tendo 200 m2, não o deixava de ser.
Depois, eu defendia que a Biblioteca devia estar aberta à noite e aos sábados, mas o "sacro-santo" horário da função pública obrigava a horas extraordinárias. Na época eu nem era Vereador dessa Câmara, mas um simples colaborador. Logo apareceram 3 jovens que, voluntariamente, garantiam a abertura da Biblioteca, nesse horário, sob minha responsabilidade, para haver alguma legitimidade.
A afluência, no primeiro mês (Outubro de 1989) foi espantosa : num população de 12 mil habitantes , cerca de 260 leitores (sobretudo crianças e jovens) por semana. E havia os reformados, que, pela manhã, eram clientes certos dos jornais diários.
Alguns anos depois, em 1993, como Vereador, tive a tutela da Biblioteca e iniciou-se o projecto de lhe dar outras instalações, num velho palácio a recuperar.
Já não foi, do meu tempo, a inauguração dos espaço definitivo.
Mas vendo a Biblioteca de Marco de Canavezes, onde actualmente vivo, com o simples horário de função pública e perfeitamente ignorada pela população, com um espólio ridículo, vejo uma realidade deprimente (e trabalhar no sábado e fora do "nine to five" faz parte, há muito, do horário normal de carreiras como as ligadas a bibliotecas, museus e postos de turismo, limpeza urbana, sem prejuízo do respeito pelos limites do horário semanal e do direito ao descanso semanal).
Enfim, diferenças...
Enfim, o falir da política do "local porreirismo", da mediocridade e incompetência feita poder (e oposição), num executivo sem qualquer futuro.
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