segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Há uma "Senhora de Lourdes", que é minha Mãe...


A minha Mãe, se não tivesse falecido, há dias, faria anos a 27 deste mês.
Descobri um texto que lhe escrevi, há 4 anos, mas nunca lhe dei. Mas que agora reproduzo.
Foi inspirado numa fotografia que lhe tirei, em Fátima, há 12 anos, no último passeio que ela e o meu Pai fizeram juntos.
Fica como homenagem (não incluo a fotografia porque não sei onde a tenho...).

"Estremoz, Novembro de 2005

HÁ UMA SENHORA DE LOURDES, QUE É MINHA MÃE...
Não é necessário o lugar comum de “Carne da minha carne; sangue do meu sangue”.
Ninguém precisa de me a invocar, com esses argumentos .

É a “mulher” do meu Pai.
Isso diz tudo, sobre alguém que foi a ESPOSA do Senhor Professor Abel, que suportou as suas utopias, devaneios, sonhos, esperanças, experiências onde (meu querido Pai...) só se enganou a si mesmo!
É a MÃE que me lia histórias para adormecer; é a Mãe que acompanhou as longas vigílias de estudo do meu PAI, quando ele, quase com 50 anos, decidiu acabar a sua Licenciatura; é a MÃE que multiplicava o jantar quando eu levava, para a mesa, amigos, da “Família espiritual”, mesmo quando nada havia para comer...

É a MÃE que foi madrinha do meu querido (e já falecido) primo Jaime, o primeiro “homem livre”, sem preconceitos, meias medidas ou interesses, que, sem ser o Pai, conheci: sim, Mãe, o Jaime ia, todos os Domingos, a nossa casa, comer a sobremesa e criar-me dúvidas e saudáveis incertezas sobre o que era viver e sobre o Mundo, nas conversas que, depois, alimentava com o Pai.

Depois, há tudo o resto, minha SENHORA DE LOURDES.

A tua paixão pelo Pai. Ainda hoje é um romance literário , que ele me contou, a mim e á minha Lena, no “ Restaurante Internacional”, em Évora, do falecido Senhor Lourenço, no dia 19 de Junho de 1995...; o esforço que o Pai fazia para que tu fosses a sua “princesa”, tudo te omitindo e a tudo te poupando...
Foste, até, trabalhar, para “ajudar ás despesas”...; e tinhas, já, 53 anos. O que ele sofreu ! Vivi e senti isso, porque te acompanhei nessa atitude .

Depois, Mãe, há tudo aquilo que vivi contigo, junto com aqueles que, hoje, partilham a minha vida.

Mas há mais MULHERES na minha vida.
A LEONOR, minha segunda Mãe, em tudo o que isso significa.
A minha afilhada e madrinha (e mana) NINI, com quem tanto brinquei, fiz “gilos” e outros incentivos aos trabalhos de casa; a mana que, em adulta, em Grândola, conheceu e tolerou os meus disparates e devaneios, e nunca me condenou.
Há a MÃE DOS MEUS FILHOS, a quem devo a graça da paternidade.
Ainda e sobretudo, a minha filhota RAQUEL, carne da minha carne e sangue deste nosso sangue, mistura beirã (de ti) e alentejana (do meu Pai)
, que soube redescobrir este seu Pai e que hoje me enche de um imenso orgulho.
Existem as minhas queridas sobrinhas TERESA E JOANA (filhas do Zé), de quem, após tanta ausência, ainda quero ser um Tio presente, a minha querida e filosófica sobrinha LARA (filha da irmã da Lena), tal como a minha queridíssima SARA, que, hoje, nos momentos difíceis, onde já nada me resta de auto-estima, me recorda que existe sempre o Noddy e o seu automóvel mágico, ou a espada do Zorro, para uma magnífica luta contra o “crime”...
Finalmente, minha amantíssima Esposa HELENA, que tudo me atura e é guardiã da minha (que será difícil...) anciania (que tantas dores lhe dará...).

Mas, para sempre, HÁ A SENHORA DE LOURDES, minha MÃE e ESPOSA do meu PAI, que, recordo nesta fotografia, no dia 25 de Setembro de 1997, no fim de semana de um aniversário do Vosso Casamento, que passámos em Fátima.

Um beijo do filho “pródigo”

ABEL
"
Agora, importa cuidar dos vivos.
É o único luto que honra aqueles que partem.

2 comentários:

  1. Linda homenagem sem dúvida!
    O Senhor Abel Ribeiro é uma grande MAIS-VALIA para a nossa terra MARCO DE CANAVESES.

    ResponderEliminar
  2. Sabes mano, a nossa Mãe teria gostado de ler tudo isto...eu gostei! Agradeço ser uma das mulheres na tua vida.

    ResponderEliminar