quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
"GOD BLESS AFRICA", por causa de Mandela
Para aqueles que me acusam de dizer coisas que ninguém percebe, o fim do "aparthaid", na África do Sul, significou algo muito simples : que deixou de haver aquilo que existiu durante mais um século, como escolas só para negros, bairros só para negros, ruas só para negros, cafés só para negros, lugares (poucos) nos transportes públicos só para negros,afrontas como ter, no Bilhete de Identidade, a origem étnica (banto, bosquimane, cafre, etc) e muita outra ignomínia.
Isso está exposto em filmes, como o magnífico "GRITA LIBERDADE", de 1983, ou o actual "INVICTUS".
Há 20 anos, o branco "boer" De Klerk decretou, no branco Parlamento da República da África do Sul, o fim do "aparthaid", como sistema social e político e a libertação dos presos políticos por causa dele. Não pode, infelizmente, decretar a "ressurrreição" dos mortos desse "sistema social" (daí que eu recomende que aluguem o DVD, ou façam o download de "Grita Liberdade").
Deste dia, há 20 anos, resultou a libertação do último herói do século XX : NELSON MANDELA.
Mandela passou, SÓ, 39 anos da sua vida preso, dos quais 12 em isolamento, ou seja, sem contacto com outros seres humanos.
Ao ser libertado, há 20 anos, podia ter clamado vingança contra os seus torturadores, mas, pelo contrário, fez história ao declarar que os PERDOAVA, mas queria Justiça para todo e qualquer que tivesse feito crimes de sangue, contra outros que não ele.
MANDELA foi algo que eu, que me sinto magoado por "dá cá aquela palha", nunca conseguiria fazer : perdoar quem me fez mal e, sublinho,o PRIVOU DE MAIS DE METADE DA SUA VIDA; contudo, para quem injustiçou outros, que não ele, exige justiça.
Que começou em Casa.
A sua então esposa, Winnie Mandela, aceitou divorciar-se e uma pena suspensa por maus tratos a jovens de outro grupo tribal, feita por uns jovens "futebolistas", dela dependentes.
Ao ser eleito Presidente, MANDELA chama, para partilhar o Governo, o mesmo branco "boer" DE KLERK que o libertou e terminou o "aparthaid". Palavras para quê ?
MANDELA é, para mim, ao lado de GHANDI, o grande líder político e, ao mesmo tempo, espiritual, do século XX.
Aliar convicções que têm a ver com modelos de sociedade, mas se estribam em ética, foi fenómeno raro.
O centenário Mandela merece hoje ser homenageado.
No dia da sua libertação, numa cerimónia em Lisboa, cantei o hino que Paul Simon, Miriam Makeba e Ug Fizikela eternizaram (que consta do DVD "Graceland" de Paul Simon), chamado "GOD BLESS AFRICA". Ontem, canto da revolta e da resistência, cantado nos funerais dos resistentes. Hoje, o Hino oficial da Áfica do Sul.
Que termina, só com esta frase maravilhosa : "De todas as terras do Mundo, Deus escolheu esta para tornar todos iguais: a Terra é África, o nome dele é Jesus. Deus abençoe África".
É isso que eu desejo.
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