quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
PORQUE EU SOU DAS ILHAS DA BRUMA...
Vivi 3 anos seguidos em S. Miguel, Açores.
Morei em Vila Franca do Campo. A minha vida permitiu correr as 9 ilhas.
Durante mais 5 anos lá voltei, sempre em trabalho.
Há 10 anos que lá não ia.
O Mundo é pequeno. Descobri que o meu (hoje) Camarada do PS , Presidente da Câmara de Povoação (Açores), tinha vivido e trabalhado no Marco, no ensino primário, há quase 30 anos. Esse cidadão, Dr. Carlos Ávila, foi meu colega de trabalho, entre 1991 e 1993, no Instituto de Acção Social dos Açores.
Vivi, nesse tempo, a minha maior e mais intensa experiência de trabalho e de crescimento profissional.
A vida permitiu-me, há dias, voltar a S. Miguel. E estar com o antigo Professor Primário, do Marco, Carlos Ávila.
Em trabalho, viajámos, naqueles 3 anos, muito, pela Europa que abria as portas ao Portugal insular.
Finda essa experiência, e as vezes que voltei a S. Miguel, senti o que senti nestes últimos dias, onde tive a felicidade de lá estar : não escolhemos onde nascemos, mas sentimos onde pertencemos.
E recordei o velho tema do poeta micaelense Manuel Ferreira, chamado "Ilhas da Bruma" :
" Ainda sinto os pés no terreiro
Onde os meus avós bailavam o pezinho
A bela Aurora e a Sapateia
É que nas veias corre-me basalto negro
E na lembrança vulcões e terramotos
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
Se no olhar trago a dolência das ondas
O olhar é a doçura das lagoas
É que trago a ternura das hortênsias
No coração a ardência das caldeiras.
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança "
Eu sou das Ilhas da Bruma, de facto. Lá, em Vila Franca do Campo, a minha alma fica limpa, quando vou, ás 7h da manhã, aos cafés onde os pescadores bebem o "meio quartilho", quando respiro aquele ar pleno de humidade, que até parece líquido, quando, 20 anos depois, alguem me pergunta "Doutor, tu vieste para voltar ?", quando o meu querido e veterano (hoje cozinheiro "gourmet") Jaime, do famoso Restaurante Jaime, me diz "Sagrado, estás em Casa., fica cá.."
Apetece-me, nessas alturas, cantar o poema acima.
Eu sou Alentejano e nunca o neguei, adoro viver no Marco, mas, por alma, e em definitivo, sou "das Ilhas da Bruma".
Onde quero acabar os tempos felizes da minha vida.
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Conheço uma linda música açoreana com esse poema
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